Foto: Gilberto Farias |
No filme Mulheres da África – a rede invisível –, a
ativista liberiana Nobel da Paz Leymah Gbowee afirma que o jeito mais poderoso
de lutar é, geralmente, como as mulheres lutam. Ela fala da luta desarmada,
movida pelo amor, pelo senso de justiça e pelo bem-comum. Lembra de homens que
travaram a mesma luta, citando Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Nelson
Mandela e defende que se estes homens são celebrados pelo modelo pacifista de
sua luta, as mulheres devem ser celebradas pelo mesmo valor. Não apenas as que
se destacam como líderes. Todas, indistintamente. Leymah fez cessar uma guerra
civil liderando um exército de mulheres vestidas de branco que negaram sexo aos
companheiros até que fosse restabelecida a paz em seu país. E conseguiu.
Hoje de manhã, participei de uma celebração às
mulheres de que fala Leymah Gbowee. Junto com 35 mulheres notáveis em
diferentes áreas de atuação, recebi a Comenda Selma Bandeira na Câmara
Municipal de Maceió. Por decisão dos vereadores, todas as seis vereadoras da
Casa também foram homenageadas, o que conferiu brilho extra à sessão – já
especial.
Este ano, a homenagem, que faz parte da programação
da Câmara para o Mês da Mulher, foi prestada a professoras, médicas, delegadas,
operadoras do Direito – uma juíza, uma procuradora, uma professora
universitária –, líderes religiosas, uma oficial da Polícia Militar, uma conselheira
tutelar, uma produtora cultural, uma escritora, uma economista, seis vereadoras
e uma jornalista, todas militantes, ativistas, profissionais que em suas lides
diárias, são defensoras dos direitos humanos, da igualdade e da justiça social.
A Comenda Deputada Selma Bandeira é revestida de
grande significado, por carregar em seu nome a grandeza de uma mulher
maravilhosa, combativa, gigante em sua atuação profissional e política. Trata-se
de um modelo exemplar da luta por melhores dias. Estar associada, por esta homenagem,
a essa mulher valorosa, serve como alimento para a nossa responsabilidade na
luta diária por um mundo mais justo.
Durante a solenidade, enquanto ouvia falar da
atuação, do valor e da conduta das mulheres que estavam do meu lado, dividindo
a mesma alegria, lembrei de outras tantas dignas de homenagem. Ouvindo a saudação
apaixonada da vereadora Heloísa Helena, lembrei da minha mãe, viúva, professora,
costureira, guerreira incansável; da minha irmã, das minhas tias, das minhas
avós, minhas professoras, minhas colegas e amigas jornalistas, das personagens das
matérias que eu escrevi.
Lembrei da minha filha e das minhas sobrinhas adolescentes,
das minhas sobrinhas pequeninas, que um dia serão mulheres. E lembrei especialmente
da liderança de uma mulher admirável, que conheci recentemente, enquanto fazia
um trabalho da disciplina Jornalismo Inclusivo, na pós-graduação – a líder
comunitária Vânia Teixeira –, que carrega nas costas os anseios de duas
comunidades distantes, que a têm como fio condutor. É uma mulher brava, que com
alto nível de consciência social, lidera 2 mil famílias que lutam e esperam as
promessas de uma vida melhor.
Também me lembrei das vítimas da violência
doméstica e fiz uma prece por Gilvonete dos Santos, martirizada pelo
companheiro, enquanto esperava sua menininha, que nasceu antes da hora, de
parto traumático, e que após a morte da mãe, foi dada para adoção. Lembremo-nos
dessa mulher, que, como Maria da Penha, foi vitimizada dentro de casa. Lembremo-nos
dessa criança. Celebremos as mulheres e não nos esqueçamos de sua luta, que é a
luta mais poderosa. Fortalecida pelo amor e pela justiça, mais fortes que toda
a violência.
Aprovada pelos vereadores, por unanimidade, a Comenda
Selma Bandeira foi concedida à professora Adenize Costa Acioli, à promotora de
Justiça Alexandra Beurlen, à vereadora Aparecida Augusta, à professora Bárbara
Heliodora Costa e Silva, à religiosa Cícera Maria Candeias, à oficial da PM
Dálila Marinho Simões Galdino da Silva, à professora da Ufal Elaine Cristina
Pimentel Costa, à jornalista Elenilda Silva de Oliveira, à médica Eliana
Cavalcante Padilha, à educadora Elizete Martins Oliveira, à professora da Ufal
Elvira Simões Barreto, à delegada Fabiana Leão Ferreira, às vereadoras Fátima
Santiago e Heloísa Helena, à médica Gilva Carvalho de Oliveira Ramos, à
pedagoga Juliana Silveira Ferreira, à conselheira Tutelar Lenildes Tobias
Freitas, à professora Maria de Fátima Silva, à produtora cultural Maria
Francineide Rocha, à coordenadora da Casa de Custória Maria Goretti Lima
Cavalcanti, à religiosa Maria Iolanda de Oliveira Silva, à juíza Maria Lúcia de
Fátima Barbosa Pirauá, à delegada Maria Tereza Ramos Albuquerque, à educadora
Maria Terezinha de Jesus Oliveira Cardoso, à procuradora de Estado Marialba dos
Santos Braga, à escritora Nádia Regina Loureiro de Barros Lima, à médica
Rosangela Gomes Oliveira de Gouveia, às vereadoras Silvânia Barbosa e Simone
Andrade, à economista Solange Albuquerque Viégas, à médica Sueli Leite Borges,
à vereadora Tereza Nelma, à pedagoga Terezinha Moura Pereira, à fundadora do
Instituto Bondade Valquíria Alves dos Santos e à médica Verônica Maria de
Oliveira Leite Omena.
Recebi a Comenda Selma Bandeira por indicação do vereador Davi Davino, que,
por motivos superiores, não compareceu à solenidade. Assim, após a apresentação
do perfil, feita pela vereadora Fátima Santiago, por indicação da qual, em
2011, fui agraciada com a Comenda Amiga da Criança, recebi o diploma das mãos do
vice-prefeito de Maceió, Marcelo Palmeira. Ao encerrar a solenidade, em
discurso breve e objetivo, ele afirmou o compromisso da Prefeitura de Maceió com
as causas e as políticas públicas para as mulheres.