domingo, 29 de maio de 2011

D’A Patada, passando pelo beijo da Mônica...


Foto de divulgação Turma da Mônica Jovem nº 34
Estava há pouco lendo o gibi Os Jornalistas, edição de Disney Especial publicado em 1977, que comprei usadíssimo, no início do mês, em uma feira alternativa em Campinas (SP). Bom demais ver as agruras de Donald e Peninha na tentativa de cumprir as pautas mirabolantes de A Patada, principal matutino de Patópolis.

Não sei se é nostalgia própria das pessoas do meu tempo, mas adoro gibis da década de (19)70, alguns dos quais li naquele tempo e depois perdi, alguns que guardo até hoje, muitos dos quais me auxiliaram na leitura. Aprendi a ler aos 5 anos, mais interessada em desvendar os gibis do meu irmão do que em qualquer outra coisa que a leitura pudesse me dar. Aprendi a ler para ler gibi e através deles, fui atrás do resto.

A leitura dos gibis é um dos aspectos marcantes da minha infância que levarei para toda a vida e incentivei o hábito em minha filha, que esta semana  deve comprar a última edição da série Turma da Mônica Jovem, em que os personagens Mônica e Cebolinha se beijam na capa da revista. 

Prefiro os quadrinhos antológicos dos personagens da minha infância, inclusive a Mônica e o Cebolinha dos eternos 7 anos de brincadeiras saudáveis na Rua do Limoeiro. Quando a Bia tinha 4 anos, passamos duas horas numa fila, na escola O Patinho Feio, para receber um autógrafo do Maurício de Souza, quando esteve em Maceió. A escolha foi dela, que guarda a revista autografada e as fotos ao lado do Maurício com muito carinho.

Mas compreendo a intenção do autor, ao trazer os personagens para a linguagem dos novos tempos, com as expressões desse novo universo, que gira à velocidade das novas mídias, dos conceitos que surgem e desaparecem antes que os decifremos. Em minha casa, os dois universos convivem em harmonia, companheiros, complementares, porque o Maurício manteve a responsabilidade [ou humanidade, como ele prefere] com o que faz e com o público para o qual escreve, mesmo sendo um projeto comercial.

O que me agride são os projetos midiáticos que tentam “adultizar” nossos meninos e meninas, não pela antecipação de conhecimento saudável, mas só pelo apelo sexual, sem o ritual educativo necessário à compreensão de certas coisas. 

Quando fui comprar o material escolar da Bia, no início do ano, deparei-me com duas coisas minimamente curiosas. A agenda em que minha menina de 10 anos estava interessada, porque "tem adesivos maravilhosos, clip de marcação de página, folha-envelope transparente..." também tinha “conselhos”, dicas, etc. Lá pelo mês de junho, tinha uma página com “10 coisas que toda menina tem que saber”, com orientações impraticáveis até para mim, que não tenho mais 10 anos desde 82.  

Na mesma papelaria, quando fomos escolher uma mochila, a dona da loja me apresentou as novidades em rosa e roxo, desde e ainda as preferidas das meninas, com a marca estampada em letras enormes: “Sexy Machine”. Perguntei à dona da loja se ela mandaria a filha para a escola com aquele texto escrito nas costas, e ela me respondeu com outra pergunta: “o que é que tem, mulher? É só a marca!”. 

Dias depois, procurando ideias para escrever, lembrei-me da situação e encontrei na Internet a informação de que um promotor público, em Natal (RN), havia instaurado inquérito civil [ http://www.mp.rn.gov.br/download/infojud/2010_02_04.htm ], em 26 de janeiro de 2010, alegando prática abusiva, com fundamento na Lei 8078/90, que rege o Código de Defesa do Consumidor, contra o fabricante das mochilas. A ação foi interposta em atendimento a uma mãe que, assim como eu, considerou inadequado que  a mochila estivesse nas prateleiras de acessórios para crianças, “considerando-se o público infantil que vê no acessório uma referência prematura para a questão sexual”.

O comércio tem possibilidades infinitas e a adesão a este ou àquele produto é facultada à escolha individual. Mas o público é segmentado, e  os produtos  que são destinados a cada um devem ser expostos com responsabilidade, considerando-se suas especificidades. Uma loja de livros e material escolar não pode desviar-se inteiramente da responsabilidade com a educação e a sociabilidade.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Candidatos a filhos


25 de maio é Dia Nacional da Adoção
Dados do Cadastro Nacional de Adoção (CNA) do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) informam que em agosto do ano passado, o Brasil tinha 5.369 crianças e adolescentes de 0 a 17 anos, sendo 2.939 meninos e 2.355 meninas para adoção. No mesmo cadastro, 28.988 pais aptos a adotar.

Por que, então, as crianças continuam nos abrigos e tantos potenciais pais continuam à procura dos filhos, quando o número de candidatos a pais é mais de cinco vezes maior que o número de candidatos a filhos? Porque quem escolhe são os pais e eles querem filhos brancos (38%) e bebês menores de 3 anos (87,69%), preferencialmente, meninas. E a maioria das crianças disponíveis para adoção é negra parda ou indígena e já passou da idade preferencial.
Entre os adolescentes em situação de abrigo, 8,5% tinha a idade aproximada de 12 anos. São crianças marcadas pela rejeição e pela espera angustiante de acolhimento.

Na tentativa de reverter essa tendência, estimulando a adoção desatrelada de critérios como cor, gênero e faixa etária, representantes do Tribunal de Justiça de Alagoas e uma comissão da Secretaria de Estado da Mulher da Cidadania e dos Direitos Humanos visitam nesta terça-feira (24) os abrigos Lar de Amparo à Criança para Adoção (Laca) e Casa de Adoção Rubens Colaço, que recebem crianças de zero a 6 anos.   

O superintendente da Criança e do Adolescente da Secretaria da Mulher e presidente do Conselho Estadual, Cláudio Soriano, informou que será formado um Grupo de Apoio à Adoção para trabalhar com pais do cadastro de adoção, estimulando-os a aceitar crianças mais velhas, negras e meninos. “Ainda existe muito preconceito quanto a isso, pois a maioria dos casais só quer meninas, brancas e recém-nascidas”, comenta.

Para agendar:

Amanhã (25 de maio) é o Dia Nacional da Adoção. Para marcar a data, haverá o I Encontro Estadual Sobre Adoção, que começa às 9h no auditório do Tribunal de Justiça de Alagoas. A juíza Ana Florinda Dantas dará palestra sobre Cumprimento dos Deveres Parentais como Complemento da Relação de Paternidade nas Famílias Informais; O presidente do Cedca, Claúdio Soriano, falará sobre as Diversas Faces da Adoção e o desembargador e corregedor-geral de Justiça, James Magalhães, apresentará o Cenário Atual dos Cadastros Nacional e Estadual de Adoção e as Modificações Trazidas ao Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) Pela Lei de Adoção.

Para a imprensa, uma pauta interessante, que permitirá a atualização das informações sobre o cenário alagoano da adoção. Para o público, em geral, informação de referência sobre os processos que envolvem os caminhos da adoção.

O endereço do Cadastro Nacional de Adoção é o 

domingo, 22 de maio de 2011

Da mobilização pontual ao compromisso


Na semana passada, o Brasil se mobilizou contra o abuso e a exploração sexual de crianças e adolescentes. Como acontece há 11 anos, o dia 18 de maio foi institucionalizado, pela lei federal nº 9907, de 17 de maio de 2000, como o dia nacional de mobilização contra essa prática que macula a infância de parte significativa dos meninos e meninas do Brasil.


A campanha nas redes sociais que pretendia chegar a 50 mil tweets passou dos 100 mil. Em Alagoas, houve caminhada, palestra, panfletagem e fiscalização em meios de hospedagem. Especialistas concederam entrevistas sobre o assunto, com a informação de que o número de denúncias aumentou.  

O Disque 100, número telefônico que recebe denúncias de todo o Brasil, tornou-se importante fonte para a investigação e encaminhamento de casos de violência sexual. Por meio de ligação gratuita, qualquer pessoa pode ajudar uma criança ou um adolescente das malhas do abuso sexual.

O serviço, subsídio fundamental à ação dos conselhos tutelares, da polícia e dos meios de proteção, em geral, atua como curativo de feridas já abertas. Mas não tem como prevenir que o abuso aconteça, porque este é um crime que costuma ocorrer na esfera privada, dentro das casas, no meio familiar.

Tanto as fontes policiais quanto os organismos de proteção relatam que a maioria dos casos denunciados têm o pai da vítima como abusador, seguido do padrasto e outros parentes próximos, vizinhos e amigos da família, que rompem o contrato de confiança estabelecido para transformar crianças e adolescentes em vítimas de um tipo de violência que deixa profundas cicatrizes físicas e psicológicas.

Para ser também preventiva, em vez de apenas curativa, a mobilização não pode ficar limitada ao dia 18 de maio, tem que ser permanente e sistemática, tendo como principal canal o amor e a atenção dedicados às crianças. A proteção tem que começar em casa, onde a criança precisa ser estimulada a falar e ser ouvida sempre que requisitar atenção.   

Do ponto de vista dos órgãos de proteção, é necessário fazer circular a informação em meios acessíveis a todos, chegando às associações comunitárias e às escolas públicas, de modo que todos possamos contribuir para a construção de uma infância saudável.

Crianças que sofrem ameaças e abusos apresentam sinais perceptíveis às pessoas do meio em que circulam, como a escola e a vizinhança.

Mesmo nos casos em que a família conhece a situação e não denuncia, por alegado medo da exposição ou por dependência econômica do abusador, é possível ao observador interferir de modo a preservar as vítimas, pois o Disque 100 não exige a identificação do denunciante, porque é o agressor que precisa ser identificado, para responder pelo crime cometido, e a vítima que precisa ser encaminhada aos serviços de proteção.     

Nos primeiros três meses deste ano, o Disque 100 registrou 4.200 denúncias de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, 35% a mais que no mesmo período do ano passado, quando foram registrados 3.125 casos.

As denúncias recebidas são remetidas aos conselhos tutelares e à autoridade policial competente na localidade em que o fato ocorreu. Para sair da mobilização pontual para a prevenção, é necessário que os órgãos de proteção envolvam e mobilizem as comunidades onde atuam, com trabalho continuado e permanente, orientando para a prevenção e mostrando, quando for o caso, que fatos identificados foram investigados, com a devida punição do agressor e o apoio psicossocial às vítimas.

Proteger meninos e meninas do abuso e da exploração sexual deve ser um compromisso de todos os dias. Quando a prevenção falhar, os mecanismos de proteção devem ser acionados para punir o agressor e reconstruir a infância violada, com base no amor, na confiança e no acolhimento.

Em Alagoas, além do Disque 100, válido em todo o Brasil, denúncias de abuso e exploração sexual podem ser encaminhadas ao telefone 0800-284-8048, serviço da Prefeitura de Maceió que funciona das 8h às 18h e aos conselhos tutelares, em todos os municípios alagoanos, ao Centro de Referência em Assistência Social (Creas), localizado na rua Augusto Ribeiro, n° 62, Jatiúca e ao Centro de Apoio às Vítimas de Crime, localizado na Rua do Sol, 290, 1º Andar, no Centro de Maceió. Mais informações sobre os serviços disponíveis no CAV e parceiros podem ser obtidas no site www.mulherecidadania.al.gov.br/cavcrime.