sexta-feira, 22 de março de 2013

A poderosa luta das mulheres



Foto: Gilberto Farias


No filme Mulheres da África – a rede invisível –, a ativista liberiana Nobel da Paz Leymah Gbowee afirma que o jeito mais poderoso de lutar é, geralmente, como as mulheres lutam. Ela fala da luta desarmada, movida pelo amor, pelo senso de justiça e pelo bem-comum. Lembra de homens que travaram a mesma luta, citando Martin Luther King, Mahatma Gandhi e Nelson Mandela e defende que se estes homens são celebrados pelo modelo pacifista de sua luta, as mulheres devem ser celebradas pelo mesmo valor. Não apenas as que se destacam como líderes. Todas, indistintamente. Leymah fez cessar uma guerra civil liderando um exército de mulheres vestidas de branco que negaram sexo aos companheiros até que fosse restabelecida a paz em seu país. E conseguiu. 

Hoje de manhã, participei de uma celebração às mulheres de que fala Leymah Gbowee. Junto com 35 mulheres notáveis em diferentes áreas de atuação, recebi a Comenda Selma Bandeira na Câmara Municipal de Maceió. Por decisão dos vereadores, todas as seis vereadoras da Casa também foram homenageadas, o que conferiu brilho extra à sessão – já especial.


Este ano, a homenagem, que faz parte da programação da Câmara para o Mês da Mulher, foi prestada a professoras, médicas, delegadas, operadoras do Direito – uma juíza, uma procuradora, uma professora universitária –, líderes religiosas, uma oficial da Polícia Militar, uma conselheira tutelar, uma produtora cultural, uma escritora, uma economista, seis vereadoras e uma jornalista, todas militantes, ativistas, profissionais que em suas lides diárias, são defensoras dos direitos humanos, da igualdade e da justiça social.


A Comenda Deputada Selma Bandeira é revestida de grande significado, por carregar em seu nome a grandeza de uma mulher maravilhosa, combativa, gigante em sua atuação profissional e política. Trata-se de um modelo exemplar da luta por melhores dias. Estar associada, por esta homenagem, a essa mulher valorosa, serve como alimento para a nossa responsabilidade na luta diária por um mundo mais justo.


Durante a solenidade, enquanto ouvia falar da atuação, do valor e da conduta das mulheres que estavam do meu lado, dividindo a mesma alegria, lembrei de outras tantas dignas de homenagem. Ouvindo a saudação apaixonada da vereadora Heloísa Helena, lembrei da minha mãe, viúva, professora, costureira, guerreira incansável; da minha irmã, das minhas tias, das minhas avós, minhas professoras, minhas colegas e amigas jornalistas, das personagens das matérias que eu escrevi.


Lembrei da minha filha e das minhas sobrinhas adolescentes, das minhas sobrinhas pequeninas, que um dia serão mulheres. E lembrei especialmente da liderança de uma mulher admirável, que conheci recentemente, enquanto fazia um trabalho da disciplina Jornalismo Inclusivo, na pós-graduação – a líder comunitária Vânia Teixeira –, que carrega nas costas os anseios de duas comunidades distantes, que a têm como fio condutor. É uma mulher brava, que com alto nível de consciência social, lidera 2 mil famílias que lutam e esperam as promessas de uma vida melhor.


Também me lembrei das vítimas da violência doméstica e fiz uma prece por Gilvonete dos Santos, martirizada pelo companheiro, enquanto esperava sua menininha, que nasceu antes da hora, de parto traumático, e que após a morte da mãe, foi dada para adoção. Lembremo-nos dessa mulher, que, como Maria da Penha, foi vitimizada dentro de casa. Lembremo-nos dessa criança. Celebremos as mulheres e não nos esqueçamos de sua luta, que é a luta mais poderosa. Fortalecida pelo amor e pela justiça, mais fortes que toda a violência.      


Aprovada pelos vereadores, por unanimidade, a Comenda Selma Bandeira foi concedida à professora Adenize Costa Acioli, à promotora de Justiça Alexandra Beurlen, à vereadora Aparecida Augusta, à professora Bárbara Heliodora Costa e Silva, à religiosa Cícera Maria Candeias, à oficial da PM Dálila Marinho Simões Galdino da Silva, à professora da Ufal Elaine Cristina Pimentel Costa, à jornalista Elenilda Silva de Oliveira, à médica Eliana Cavalcante Padilha, à educadora Elizete Martins Oliveira, à professora da Ufal Elvira Simões Barreto, à delegada Fabiana Leão Ferreira, às vereadoras Fátima Santiago e Heloísa Helena, à médica Gilva Carvalho de Oliveira Ramos, à pedagoga Juliana Silveira Ferreira, à conselheira Tutelar  Lenildes Tobias Freitas, à professora Maria de Fátima Silva, à produtora cultural Maria Francineide Rocha, à coordenadora da Casa de Custória Maria Goretti Lima Cavalcanti, à religiosa Maria Iolanda de Oliveira Silva, à juíza Maria Lúcia de Fátima Barbosa Pirauá, à delegada Maria Tereza Ramos Albuquerque, à educadora Maria Terezinha de Jesus Oliveira Cardoso, à procuradora de Estado Marialba dos Santos Braga, à escritora Nádia Regina Loureiro de Barros Lima, à médica Rosangela Gomes Oliveira de Gouveia, às vereadoras Silvânia Barbosa e Simone Andrade, à economista Solange Albuquerque Viégas, à médica Sueli Leite Borges, à vereadora Tereza Nelma, à pedagoga Terezinha Moura Pereira, à fundadora do Instituto Bondade Valquíria Alves dos Santos e à médica Verônica Maria de Oliveira Leite Omena.


Recebi a Comenda Selma Bandeira por indicação do vereador Davi Davino, que, por motivos superiores, não compareceu à solenidade. Assim, após a apresentação do perfil, feita pela vereadora Fátima Santiago, por indicação da qual, em 2011, fui agraciada com a Comenda Amiga da Criança, recebi o diploma das mãos do vice-prefeito de Maceió, Marcelo Palmeira. Ao encerrar a solenidade, em discurso breve e objetivo, ele afirmou o compromisso da Prefeitura de Maceió com as causas e as políticas públicas para as mulheres.

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